José Eduardo C. Coelho Dias

Como foi a sua carga horária de estudos nas duas séries iniciais do Ensino Médio e na terceira série / pré-vestibular?

Durante esse período do Ensino Médio, costumava estudar somente de 8 a 10 horas semanais, visto que só estudava 1h ou, às vezes, 2h por dia e quase nunca estudava no final de semana. Como trabalhava no período da tarde, só estudava com mais afinco em vésperas de provas, mas quase sempre estava com todas as TMs em dia.

No terceiro ano, muita coisa mudou. Saí do meu emprego para poder me dedicar somente aos estudos e passei a estudar ao menos 5h por dia, todos os dias (fins de semana inclusos). Fazia todos os exercícios propostos para o Enem da apostila, tentava sempre me manter em dia com as listas e com exercícios extras passados pelos professores, embora descartasse a realização de alguns por não serem direcionados ao vestibular que eu pretendia fazer. Além disso, respondia a uma média de 27 questões do caderno “Enem Total” por dia, sendo um dia para cada matéria e 2 matérias no sábado e 2 no domingo.

A mudança mais significativa nessa passagem do 2º para o 3º ano foi a quantidade de redações realizadas por semana. Enquanto no 2º ano, se 2 fossem feitas por mês, já era muito, no 3º ano passei a realizar 2 por semana, graças à plataforma Imaginie e às redações passadas pelos professores. A Redação é a disciplina mais importante para o ENEM. Abri mão de estudar coisas mais importantes para a minha área para aperfeiçoar minhas técnicas de escrita. Não me arrependo nem um pouco.

Você reservava algum tempo para lazer?

Durante o primeiro semestre do meu ano de vestibular, eu ainda conseguia realizar algumas atividades de lazer, como ir à academia por 1h ou 1h20 e assistir a algumas séries antes de dormir. Depois das férias, com o acúmulo de matérias e com a corrida final até as provas, tive que deixar de realizar certas atividades para estar mais bem preparado para as provas. Mas isso varia de acordo com o ritmo de cada aluno. Cada um sabe da capacidade que tem, e a minha parava por ali, não consegui manter os dois.

Atividades que dispersam um pouco dos estudos são essenciais para quebrar um pouco a rotina cansativa e monótona. Sair com os amigos, matar um dia de aula porque está “doente”, um futebol no meio de semana, não vão tirar a sua vaga se forem feitos na medida certa. Óbvio que esses deslizes têm que ser feitos com uma dosagem muito pequena. Não adianta achar que você vai continuar saindo todo final de semana, não vai. Não adianta achar que você vai conseguir recuperar a matéria do dia que você matou aula no dia seguinte, não vai. Não adianta achar que marcar de estudar com seus amigos vai funcionar e vai render mais, não vai. Esses deslizes nunca podem se tornar rotina e nem mesmo ser frequentes, é preciso ter responsabilidade até mesmo para fugir das suas responsabilidades, e isso começa a aparecer em um vestibulando quando ele resiste a um vídeo engraçado no YouTube para ver uma vídeo de aula.
Ninguém sabe melhor do seu ritmo do que você mesmo. O quanto você se dedica e o quanto você acha que vale a pena estudar depende somente de você mesmo. Se você sabe que tirar um dia para procrastinar não vai atrapalhar o seu planejamento, vá fundo.
OS.: Tenha um plano de estudos.

Como e quando você fez a opção pelo curso que está frequentando?

Durante muito tempo, durante todo o ano praticamente, não sabia qual curso escolher e muito menos qual era a minha área. Meu problema não era a dúvida entre 2 ou mais cursos, eu simplesmente não me interessava por nenhum. Queria fazer uma graduação, só não sabia qual.

Em outubro, enfiei na minha cabeça, por intermédio dos meus pais, que iria fazer Direito, e fiquei com esse pensamento até o Enem e até mesmo durante o Sisu. Durante o processo de seleção de universidades e de cursos, vi que não tinha nota para ingressar na UFES e nem em nenhuma outra Universidade de renome por causa dos pesos. Entretanto, como minha nota estava bem mais alta para cursos de engenharia em várias faculdades, decidi, faltando somente 1 dia para o encerramento do Sisu, que iria fazer Engenharia Civil na nossa Federal. O curso em si já tinha me chamado à atenção no início do ano, mas havia sido facilmente relevado devido à minha preguiça em aprender Física.

Existe a possibilidade de eu ter errado em minha escolha? Existe sim. Mas ela existiria em qualquer que fosse o curso escolhido. Então não fiquem desesperados por não saberem qual curso escolher ou até mesmo por não gostar do curso quando já estiverem lá dentro. Somos todos muito jovens ainda e devemos nos permitir errar, porque não há nada de errado ou de vergonhoso em abandonar uma faculdade e voltar para o pré-vestibular para tentar encontrar de novo uma opção que o faça feliz.

Lembre-se sempre de ouvir os seus pais, por mais retrógrados e mente fechada que eles possam ser. Você não precisa levar sempre em consideração o que eles dizem, mas é importante sempre dar valor, pois eles querem sempre o melhor para você mesmo, do jeito deles.

Em que época você estudou mais? Atualmente na Universidade, ou quando cursava a 3ª série ou o P.V?

Até o momento, estudava mais no terceiro ano, mas acredito que, com o tempo, isso vai mudar.

Qual a sua opinião sobre a adoção do SISU pela UFES?

A adoção do SISU pela UFES foi uma medida imposta pelo governo federal, e pessoalmente acho isso errado, pois cada faculdade deveria ter o direito de escolher como selecionará os alunos que serão aprovados em seus cursos.

Somos vítimas de um governo covarde que nos obriga a pagar taxações absurdas em troca da retirada da nossa liberdade de poder escolher como queremos viver nossa vida. Com nossa universidade não foi diferente. A ameaça de ficar sem o repasse de verba para funcionamento, obrigou a UFES a aceitar que o sistema fosse usado para o ingresso de alunos nos cursos por ela oferecidos. Entretanto, a UFES ainda não apresenta a estrutura ideal para receber alunos do próprio estado, quem dirá de fora. A Reitoria não deveria ser obrigada a ter que gastar mais em auxílio moradia para estudantes vindos de fora (a UFES oferece cerca de 200 reais para eles) e menos em serviços que já eram precários, ex.: corte no repasse ao RU; falta de papel, água, luz etc.; redução de funcionários, abandono de algumas áreas. Em resumo, a única opção “gratuita” de ensino superior do nosso estado é, assim como muitas outras faculdades, refém de um governo tirano e explorador, o qual sempre utilizou da ameaça e do controle, para ter poder absoluto sobre a direção e sobre os rumos tomados pela universidade.

A proposta do sistema é típica de um governo autoritário que limita ao máximo a liberdade do seu povo e o seu direito de escolha. O Estado deveria ser uma ferramenta de administração, e não de controle. Se uma instituição federal acredita que 180 questões não servem para avaliar o ingressante, então ela deveria ter o direito de utilizar seu próprio método de seleção. Por mais protecionista que possa parecer essa visão, estou mais interessado é em defender a liberdade do que dizer que gente de fora não é bem-vinda, muito pelo contrário, você é livre para ir e vir e não existem fronteiras entre estados no Brasil. Por isso, digo que a ideia do sistema não é de todo ruim, mas a sua obrigatoriedade é o principal revés.

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