Confira, abaixo, os alunos classificados no concurso Certas Palavras e os comentários dos textos:

Nível 1

1º lugar – Clara Corrêa Tomazelli 6° A-VV

01

O esperto guaxinim

_____Existia um guaxinim que vivia na Floresta Amazônica, e sempre adorava ser esperto, dar golpe em alguém, fazer de tudo para se dar bem. Ele morava em seu ninho, que ficava em cima do galho de uma árvore, onde ninguém conseguia vê-lo e muito muito menos alcançá-lo. Ninguém de sua vizinhança gostava dele.

_____Certo dia, o Cachorrão, um leão, o dono e rei da floresta, chamou todos os animais da área para conversar e disse:

_____– Acho que minha morte está próxima. Já estou meio cansado quando ando, meus músculos estão começando a ficar fracos e minha imunidade está começando a ficar baixa. Então decidi: eu daria a cada animal uma semente para desenvolver novas plantas. Quem vier com a planta mais desenvolvida será o novo rei da floresta. Mas, se eu souber de alguém que está me enganando, pagará as contas comigo. Vocês virão aqui na próxima semana.

_____É óbvio e evidente o que o guaxinim fez. Sem pensar duas vezes, na mesma hora, voltou para seu ninho, cortou a maior árvore que havia perto do seu ninho e tentou dar um jeito de colocar a árvore gigante no pequeno vaso de plantas com terra.

_____Quando chegou a próxima semana, o guaxinim chegou com sua “planta” e viu que todos estavam sem nada no vaso de plantas, apenas com terra. Cachorrão ficou com tanta ira que quase matou o guaxinim, mas sorte dele foi que os animais o defenderam, apesar de tudo o que o guaxinim havia feito de ruim para eles e a floresta.

_____A verdade afinal foi que o rei queria ver quem era honesto, porque aquela semente não fazia as plantas germinarem. O mentiroso foi o guaxinim.

Moral: Pense duas vezes antes de enganar alguém.

Comentário da professora:
O texto escrito deve nascer de um olhar único, de um enxergar diferente alguma coisa já vista antes e conhecida ou descobrir alguma coisa desconhecida. De maneira leve, divertida, a autora Clara Corrêa Tomazelli chama a atenção em O esperto guaxinim para a importância de as pessoas repensarem seus comportamentos. Nas entrelinhas, ela nos convida a enxergar que ali há muito daquilo que pode ser desejado, como justiça, liberdade e igualdade entre as pessoas.

2º lugar – Mariana Modenesi de Andrade 7° A – AR

02

Um guaxinim que era ladrão

_____Em uma floresta havia um guaxinim muito levado, ele vivia pegando as coisa dos outros e ainda por cima achava graça disso. Quando o animal percebia que havia sido roubado, o guaxinim começava a rir mais ainda, e ele pegava de tudo, desde um pregador a uma televisão, sem contar que não deixava rastros.

_____Como os outros animais o guaxinim tinha seus filhotes e os amava acima de tudo, eram de duas bolinhas de pelo muito fofas. Ele passava o dia todo brincando com suas preciosidades, não trabalhava, e assim não tinha dinheiro para alimentá-los, então pensava que a melhor opção era roubar, e nem pensava que roubando aquela comida, deixava os filhotes dos outros com fome.

_____Certo dia, após chegar em casa com duas mamadeiras roubadas, se deparou com uma cena que o fez começar a chorar, seus filhotes haviam desaparecido, e começou a pensar em coisas terríveis, pensando e dizendo para si mesmo que seus filhotes haviam sido sequestrados, e se não tivesse saído para roubar, seus filhotes ainda estariam seguros em casa.

_____Naquele exato momento uma águia que o guaxinim havia roubado comida apareceu e perguntou o que havia acontecido, ele contou tudo enquanto chorava. A águia prometeu ajudá-lo portanto deveria para de roubar. O guaxinim concordou na mesma hora e eles começaram a busca, levaram mais de dois dias, mas encontraram os filhotes do guaxinim.

_____Evelyn, uma raposa, que morava por perto havia sequestrado os pequeninos, mas acabou devolvendo, depois daquele susto, o guaxinim cumpre sua promessa até hoje, e não toca em nada dos outros sem pedir permissão.

Moral: Não faça com os outros aquilo que não quer que façam com você.

Comentário da professora:
Como se aprende amar? Amar não se ensina. O amor é a porta que abre o lado mais bonito e imortal da humanidade: é um sim à vida. Em forma de fábula a história de Marina entra na esfera do encantamento e rega o solo fecundo do nosso imaginário quando nos conta, de forma criativa, o amor de um guaxinim por seus filhos e como ele abriu mão de recursos fáceis e nem sempre legais de viver e passou a reconhecer que o convívio entre as pessoas é um processo de aprendizagem constante.

3º lugar – Djalma Zottele Salvador 7° A – AR

03

A solução é ajudar

_____O leão é o animal mais corajoso e forte da floresta e está passando por momentos muito difíceis com seu bando, pois sua esposa (a leoa), pegou um tipo de doença trágica que a impede de andar.

_____Querendo trata-la sozinho, o rei da floresta, com seu egoísmo, não sabia como cura-la, pois nem a alimentar conseguia por causa dessa doença trágica.

_____Entretanto, o leão muito triste, pensando que a culpa era dos outros animais, passou a ameaçar quem ele via pela frente, principalmente cobra, quem ele achava que era a culpada.

_____Diante dos constantes conflitos entre o leão e os animais, a cobra cansada das ameaças que recebia, convocou uma assembleia para debater este tema e o que fazer com o leão e após várias discussões, bolaram um plano para que o rei da floresta voltasse ao normal.

_____Ao calar da noite, enquanto o leão estava dormindo os animais da equipe médica comandados pela cobra, pegaram a leoa e a levaram para um local longe do leão onde poderiam fazer as operações sem que o leão visse.

_____No outro dia, quando o sol se abriu, o leão logo notou o sumiço de sua esposa. Desesperado ele saiu correndo atrás dela. Após passar por uma moita viu sua esposa de pé, sã e salva já andando e se recuperando da cirurgia.

Moral da história: a solução para nossos problemas não está em colocar a culpa nos outros e sim em pedir ajuda a eles.

Comentário da professora:
De maneira trágica Lyalma narra a história do animal mais corajoso e forte da floresta, o leão, que atravessa um momento muito difícil em sua vida, ter que salvar sua companheira de uma doença crônica. Porém, esta situação que parecia sem solução encontra um final surpreendente. Os detalhes desta narrativa são tratados pela autora com maestria e nos revela a identidade de um grupo que se mescla e interage com a identidade de outros, incentivando assim o respeito ao convívio entre grupos diferentes.

4º lugar – Júlia Teles dos Prazeres 6º G – JP

04

Com solidariedade pode-se mudar o mundo

_____Há muito tempo, os animais da floresta viviam em grande desordem, tudo graças ou pequeno cupim, que junto com sua tribo, destruía e devastava toda a floresta, mas ninguém sabia por que fazia isso.

_____O cupim também destruía a casa de muitos animais. Com o tempo a floresta foi deixando de ser floresta, e se transformou em um vasto terreno completamente vazio, só ficaram lá o cupim, sua tribo e um filhote de tigre que tinha ficado lá, com a esperança de trazer a vida de volta à floresta.

_____O pequeno tigre decidiu pensar logo no que fazer e, depois de horas, teve uma grande ideia, foi até a outra floresta, onde estavam os animais, e foi de porta em porta pedindo comida. Depois o tigre foi plantar todo essa comida em seu vasto terreno.

_____Depois foram nascendo plantas, mas o tigre, revoltado que a floresta ainda tinha poucas árvores, foi em busca de sementes. E foi seguindo esse mesmo ritual durante um longo tempo.

_____O cupim se comoveu com a atitude do tigre, e então pensou “vou ajuda-lo”. Foi de porta em porta pedindo sementes para ajudar o animal. Quando os animais se reuniram, o cupim viu a quantidade de sementes e de comida que tinha conseguido, e se orgulhou.

_____O tigre, vendo que ainda faltava muito para a floresta voltar à vida, se entristeceu, sentou e pensou em desistir. Até que sentiu algo caindo em sua cabeça, olhou para cima e viu pássaros jogando sementes, esquilos fazendo os buracos, e o cupim comandando. Em poucos dias a floresta voltou a ser o que era, o cupim explicou que o que fazia era vingança por terem pisado em sua casa e se desculpou.

Moral: Com solidariedade tudo é possível.
Comentário da professora:
A história de Júlia começa com “Há muito tempo” e nos remete ao tempo em que as histórias nos absorviam totalmente. Neste mundo de hoje, é preciso coragem e permissão para sentir e se emocionar. Esta narrativa nos leva através de um brilho que acende nossa capacidade de nos surpreender ao ler algo que nos mostra situações diversas cujas estruturas associadas ao lúdico nos encantam pelo prazer do desafio.

5º lugar – Julia Manfioletti 6° – CO

05

Dos maus para os bons hábitos

_____Havia um gato, em uma floresta, chamado pelos outros animais de sujo, porque ele sempre jogava lixo no chão, no lago, cuspia nas gramas, enfim, poluía o ambiente.

_____Até que um dia, os animais decidiram fazer uma assembleia para resolver o que iriam fazer com o gato.

_____No dia marcado, todos foram à reunião e, sem nem esperar, o Leão já foi dizendo:

_____– O sujo está poluindo à minha floresta! Ele já passou dos limites. Devemos mandá-lo embora daqui!

_____– Acho que devemos ensiná-lo a ser mais cuidadoso com o lugar onde vive – disse a raposa.

Todos concordaram com ela.

_____Após a assembleia, a notícia que ocorreu pela floresta foi que o gato estava passando mal, e o Tigre, muito curioso, foi ver o que aconteceu, e descobriu que o sujo havia se banhando no lago que o próprio sujara, e, por isso pegou uma doença. O Tigre, logo espalhou para toda a bicharada.

_____Os animais se reuniram mais uma vez e decidiram que seriam solidários e iriam ajudar o gato a melhorar seus hábitos.

_____Assim foi feito. Logo que o gato se curou, foram espalhados várias latas de lixo, cataram as sujeiras do lago e, principalmente, ensinaram a ele bons hábitos. E com ajuda dos animais, ele se tornou uma pessoa bem melhor.

Moral: Você colhe aquilo que planta!

Comentário da professora:
Quem disse que todo mundo é um ser bonitinho, certinho, limpinho? Havia um gato, em uma floresta, que poderia ser chamado de esquisito, sujo mesmo, sempre levando a vida do seu jeito, fugindo completamente do script. Em sua narrativa Júlia nos conta que o gato jogava lixo no chão, no lago, cuspia no chão e, não satisfeito, ainda poluía o ambiente. Esquisito? É com esta criatividade da personagem que a autora abre um mundo de possibilidades para discutirmos noções de liberdade, solidariedade e escolhas.

Nível 2

1º lugar – Giulia G.G. Viana 9A-VV

01

Juntos fazemos a diferença 

_____Numa manhã ensolarada manhã de segunda-feira, Diego um homem de classe média alta, que assistia em Pernambuco, estava indo trabalhar em uma empresa de construção civil onde ele era engenheiro chefe. Ao chegar em seu escritório, muito luxuoso, viu que as crianças da escola pública, em frente ao seu ambiente de trabalho, não estavam mais frequentando as aulas, devido ao calor que fazia no local, provocado pela adoção de um sistema onde a iluminação das salas é proveniente da luz solar, o que tornava o ambiente muito quente, e infelizmente 75% das escolas pernambucanas aderiram essa prática.

_____Passaram-se três dias e Diego, incomodado com a situação, comentou com sua esposa o que ocorreu, então, juntos bolaram um plano de melhorar a infraestrutura das escolas, de modo que ficasse um lugar confortável. O planejamento foi se tornando cada vez mais próximo da realidade, e foi ganhando apoio de patrocinadores. Em seis meses, dos 75% das escolar que praticavam aquele método, 50% tiveram sistema de refrigeradores de ar, e lâmpadas fluorescentes instalados.

_____Com apoio de Diego e de sua esposa, foi criado o projeto “Juntos fazemos a diferença!”, que recebe apoio financeiro de todo país para deixar as escolas públicas nordestinas, ambientes mais prazerosos de se estudar.

Comentário da professora:
Juntos fazemos a diferença canta o amor de um engenheiro, Diego, e de sua esposa pelas crianças de uma escola pública. Amor este que se estende contagiando todo o país. De maneira sensível e vigorosa Giulia vai tramando a história e mostrando que o amor aliado ao trabalho duro nos ajuda a crescer e a ficarmos melhores – melhores amigos, melhores irmãos, melhores pessoas. A narrativa, aqui, aponta para as potencialidades. Todos podemos manifestar, por meio das múltiplas possibilidades, os sentimentos mais nobres.

2º lugar – Marina Milagres Mattielo 9°G-JP

02

Segundos

_____Estava atrasado para o trabalho, droga! Saí correndo de casa, entrei no carro e fui. No meio do caminho, um semáforo fechado; noventa e não sei quantos segundos. Como se não bastasse o atraso, apareceu um pedinte passando de carro em carro. Noventa e quatro segundos. Ele abriu uma mochila e entregou algo para uma moça no carro. Oitenta e seis segundos. Alguém dirigindo um carro azul dispensa o que quer que seja o que o moço estava vendendo. Sessenta e nove segundos, mas que raio de semáforo! Ele para ao lado do carro preto que está à minha frente, mas eu não consigo ver o que ele vende. Cinquenta e três segundos, e o homem chega até mim.

_____Antes que ele falasse qualquer coisa, eu já disse algo como “Desculpe amigo, hoje não tenho nada” e fui subindo o vidro da janela. Intrigado, ele fez um sinal para que eu abra o vidro, que eu acabei deixando entreaberto. Trinta e um segundos. “Já que não tens nada” – ele disse – “Leve isso com você e faça o dia de alguém feliz”. Vinte segundos. Ele sorri e vai embora. Doze segundos. Seguro o choro e tento prestar atenção nos carros. Quatro segundos. Respiro fundo e coloco as mãos no volante. Um segundo; e o sinal abre.

_____Arranco com o carro e sigo o caminho do trabalho. Uma mistura de emoção e alegria toma conta de mim. O homem me entregara uma margarida, veja só. Uma margarida.

Comentário da professora:
Marina nos oferece a possibilidade de conhecer uma personagem interessante e estressada. Escrito na primeira pessoa o texto ganha proximidade com o leitor e imprime um ritmo forte, que nos lança freneticamente em busca das experiências propostas pela autora. É como se ela fizesse surgir, magicamente, uma história real, nos guiando por um caminho de reflexões sobre o agora, as turbulências que vivemos nos dias atuais. O final é surpreendente e desvenda com sensibilidade ímpar o que se passa em nossas cabeças e a necessidade urgente de descobrirmos a beleza das pessoas.

3º lugar – Sofia Suela Celin 9ºA-CO

03

Uma nova vida

_____Eu estava voltando para casa. Acabara de sair do trabalho. Dirigia o carro pela rua, que sempre estava “apinhada” de gente. Era uma segunda-feira, então, tudo estava em ritmo frenético. Mas, por mais agitado que estivesse, AQUILO era diferente.

_____Uma garota, de uns catorze anos, corria, com pressa, entre os vendedores ambulantes e se desviava das pessoas na rua. Parei o carro e saí para ver o que estava acontecendo. Ela segurava uma fruta na mão, vestia roupas esfarrapadas e um pouco sujas, e alguns homens de aspecto furioso corriam logo atrás gritando para que parasse.

_____Quando a garota ia passando pelo meu carro, gritei:

_____– Ei! Menina, aqui! – Ela olhou em minha direção. – Entre no carro, e deixe a fruta lá! – falei. Eu não tinha demorado para perceber o que estava acontecendo. Ela me olhou com os olhos arregalados, como se estivesse decidindo se podia confiar em mim.

_____Os homens se aproximaram ainda mais.

_____– Ande logo! – Ela os percebeu, deixou a fruta na calçada, e entrou no carro. Acelerei e logo tínhamos deixado seus perseguidores para trás.

_____Respirando aliviadas, apresentamo-nos, e, pelo que ela me dizia, eu estava certa em achar que ela roubara a fruta dos homens, que eram feirante, visto que estava com muita fome. Entretanto, não era moradora de rua. Ainda. Mas morava com uma tia abusiva, uma vez que seus pais morreram. Estava compadecida com a história da garota.

_____O tempo anda, depressa, apesar de tudo. Depois, de alguns meses, assinei o documento que me concedida a sua guarda.

Comentário da professora:
Uma nova vida é uma ode à liberdade sob o ponto de vista de uma personagem extremamente humana que, corre pelas ruas, se desviando das pessoas enquanto alguns homens a perseguem. O texto de Sofia cria uma adolescente, menina de rua, que corre em fuga e como, ao mesmo tempo, nos faz refletir sobre um acontecimento confuso, gerador de medo e transtorno pode também ser algo que faz brotar a esperança despertando sentimentos que nem sabíamos que existia dentro de nós.

4º lugar – Beatriz Lopes Mazim 9°A-ARII

04

Trinta anos de bondade

_____O sol estava queimando, pessoas estavam indo embora, devido ao intenso calor. O parque era completamente descoberto, então em dias muito quentes ele ficava quase vazio.

_____– Olha pai! Um brinquedo! – Meu filho disse enquanto apontava para uma pista de carrinhos.

_____Estávamos caminhando em direção a tal pista, quando vi um senhor, de aparentemente 80 anos, carregando uma caixa pesada para o centro da praça. Por um momento, eu esqueci dele e fui brincar com meu filho.

_____– Papai, o que aquele homem está fazendo? – Percebi que ele estava falando do velhinho, que havia montado uma cadeira de salão e uma mesa no parque.

_____Fiquei curioso para saber o que estava acontecendo, e fui lá ver. Surpreendi-me.

_____– Todos os sábados, eu venho aqui, monto esta humilde estrutura, e então corto o cabelo e a barba dos moradores de rua, de graça. Venho fazendo isso pelos últimos trinta anos. Eu queria poder ajudar mais, dando a eles uma casa, um emprego! Este é o meu talento! E é assim que gosto de usá-lo: ajudando as pessoas. – O velhinho disse emocionado.

_____Emocionei-me também, afinal, se o mundo tivesse mais pessoas como esse maravilhoso senhor, seria um lugar muito melhor e mais agradável de se viver.

Comentário da professora:
Beatriz evoca o tempo para criar a personagem principal em Trinta anos de bondade. O tempo é evocado tanto nas imagens poéticas do texto quanto nas lembranças das coisas e fatos que permeiam a narrativa. A autora nos mostra sobretudo que nos dias de hoje, em que impera a cultura do lucro, da violência e da competição, há que se resgatar o que muitos pensadores chamaram de sentido último da existência humana: o amor.

5º lugar – Julia Cipriano Agrizzi 9ºA-CA

05

A gentileza bate à porta

_____Lembro-me de minhas artimanhas quando criança. Era tão arteiro, mas tão arteiro, que toda a vizinhança já me conhecia, especialmente a Dona Catarina. Era o maior barato quando eu e toda a turma do bairro jogávamos bola na rua, mas vez ou outra acertávamos a janela dela. Ela ficava enfurecida e quase saía fumacinha da cabeça daquela mulher.

_____Um dia, minha mãe tentou apaziguar a situação. Fez uma torta e foi até a casa dela. Bateu à porta e a senhora apareceu de cara amarrada.

_____– Dona Catarina, eu queria conversar sobre o meu filho – disse minha mãe, um pouco sem graça. – Ah, trouxe essa torta para você também…

_____A mulher pegou o presente bruscamente e começou a reclamar. Nem minha mãe havia entendido os motivos daquela falação toda. E foi para casa bem pasma, sem a paciência que tinha levado para lá.

_____Alguns anos se passaram, e um pouco mais crescido, eu já entendia de muitas coisas. Passei a ter uma visão diferente de quase tudo. Quando saía e passava pelo quintal de Dona Catarina, vi uma senhora de ombros caídos, com seus cabelos brancos, em uma cadeira de balanço e com algumas agulhas de crochê na mão. Carregava um olhar profundo e amargo da vida solitária naquela casa velha que cheirava à naftalina. Então resolvi visitá-la. Na casa adormecida, reparei num retrato e, vendo isso, ela me contou uma triste história: sua única filha havia morrido e o marido a abandonara. Era esse o motivo de tanto mau-humor: queria esconder a fraqueza, a tristeza que carregava. Não podia deixa-la assim. Passei a visita-la e a partir daí ele ganhou um amigo. Ficava toda feliz por minhas histórias e eu por ter despertado nela a felicidade.

Comentário da professora:
A compaixão foi o sentimento escolhido por Julia em A gentileza bate à porta para promover o resgate deste tema tão complexo e insólito e ela o faz com beleza e simplicidade. “Alguns anos se passaram, e um pouco mais crescido, eu já entendia de muitas coisas. Passei a ter uma visão diferente de quase tudo. Quando saía e passava pelo quintal de Dona Catarina, via uma senhora de ombros caídos, com seus cabelos brancos, em uma cadeira de balanço e com algumas agulhas de crochê na mão.” A narrativa vai nos conduzindo por caminhos pelos quais vamos ganhando motivos para não temer o desconhecido e aceitar as transformações inexoráveis pelas quais passa qualquer ser humano.

Texto sobre a minha participação
Um bom livro de literatura brinda o leitor com uma narrativa poética surpreendente e cheia de ternura a partir dos embates de suas personagens. Ao participar, mais uma vez, deste concurso de redação, sou brindada com textos de crianças capazes de criar e inventar palavras para expressar ideias e transmitir suas mensagens. Provocar o diferente, despertar a capacidade de abstração das crianças e contribuir para a formação do ser humano expressivo, criativo, competente, crítico e transformador são propostas que encontram eco no rico projeto do concurso “Certas Palavras”.

Neusa Jordem.

Biografia:

0111

Neusa Jordem é Professora e oficineira da Palavra, escritora de livros de literatura infantil, infantojuvenil, contos, poemas, crônicas e romances. Natural de Muniz Freire, nasceu em 10 de novembro de 1958. Graduada no Curso de Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre, no Esp. Santo, Pós-Graduada em Linguagens: Língua e Literatura. Membro da Academia Feminina Espírito–Santense de Letras, Ex-Secretária de Cultura e Turismo do Município de Iúna, 2002/2004. Participa do Projeto Viagem pela Literatura – Prefeitura Municipal de Vitória. Reside em Vila Velha, ES, atua na área da Educação e da Cultura do Estado do Espírito Santo, formando professores e ministrando Oficinas Literárias para crianças em Escolas da rede pública municipal e estadual, promovendo a cultura capixaba, seus saberes e fazeres.

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